A prova dos
vestidos é a pedra angular da costura. Sem uma prova correta e cuidadosa não é
possível fazer-se um vestido satisfatório. A execução de um vestido, por outro
lado, comporta um risco e uma despesa, que só o bom resultado do trabalho lhe
pode recompensar. Nada deve ser confiado ao acaso. E a primeira condição para o
resultado feliz de uma costura é uma boa prova, feita com atenção e minúcia. E
a prova deve ser repetida tantas vezes quantas forem necessárias.
Quando a mulher
costura para si mesma, a prova deve ser feita de preferência sobre um manequim,
a respeito do qual, aliás, já tecemos vários comentários em lições anteriores.
É absolutamente necessário que o manequim tenha as medidas da pessoa. Ora,
esses manequins que reproduzem fielmente o corpo, ou são muito caros ou não
existem a venda em nossas casas, como é o caso do manequim ideal francês,
fabricado em malha metálica amoldável a qualquer corpo.
Ilustração de Gil Brandão |
O manequim rígido é
o mais barato, mas só raramente corresponde as medidas exatas da pessoa. Isto,
no entanto, pode ser remediado pelo processo do “bourrage” do manequim
clássico, processo este que acabamos de ver nas últimas lições do nosso método.
Se não houver manequim,
a mulher que costura para si própria deve ter a paciência de experimentar no
próprio corpo, servindo-se de uma ajudante, pelo menos para a prova. Se não
houver nem ajudante nem manequim, deve-se por o vestido e, diante de um espelho
de comprimento total, anote-se e marque-se todas as correções necessárias.
Dispa-se o vestido e faça-se as marcações com alfinetes. Experimente-se outra
vez e corrija-se os defeitos até que tudo esteja perfeito.
Na primeira prova,
é mais fácil experimentar separadamente a saia e a blusa.
Como é muito
freqüente nos dias de hoje, adquirir-se moldes já cortados em livrarias, ou traçados, como é o
caso do nosso suplemento, é interessante dar aqui uma série de regras que
deverão ser observadas, tão logo a leitora tenha em mãos o molde desejado:
1) Escolher
cuidadosamente o tecido, que deve ser adequado ao modelo e cuja metragem deve
atender às necessidades do molde.
2) Controlar se o
tecido está bem cortado a fio direito nas duas extremidades; para isso, basta
desfia-lo um pouco e acertá-lo com uma tesoura.
3) Fazer o
“décatissage”, com um pano molhado, quando se trata de lã.
4) Molhar na água,
os tecidos que encolhem.
5) Passar a ferro,
a fim de que a fazenda esteja pronta para ser manipulada.
6) Desdobrar o
molde e estudá-lo com o máximo de atenção.
7) Escrever sobre o
molde, os nomes das peças correspondentes e as letras que facilitam a montagem.
8) Acentuar com um
lápis todos os sinais: flechas indicadoras do fio direito, marcações do meio da
frente e do meio das costas, das pences, das bordas a dobrar, indicações da
costuras aparentes, bem como escrever letras iguais nos pontos correspondentes
das peças para facilitar a sua união.
9) Verificar no seu
manequim se as medidas do molde coincidem com as suas para o que, basta prender
as peças do molde com alfinetes no manequim.
10) Retificar as
medidas se for o caso, indicando a lápis, as modificações sobre o papel.
11) Dispor sobre o
tecido as peças do molde, seguindo as indicações do esquema.
12) Reproduzir os
moldes no tecido por meio de alinhavos, giz ou lápis de cor.
13) Cortar,
seguindo o contorno dos moldes e deixando-se 2 a 4 cm de reserva para as
costuras e 6 a 8 cm para as bainhas.
14) Passar linhas
de direção no exato fio direito, horizontal e vertical.
15) Alinhavar os
fios de contorno dos moldes.
16) Prender com
alfinetes, seguindo os fios de contorno, as duas espessuras do tecido, a fim de
poder passar os fios para o outro lado, obedecendo os alfinetes. Isto se faz
quando as peças são simétricas e o tecido está dobrado em dois para maior
rapidez do trabalho. Quando se traça os moldes com lápis, este processo pode
ser substituído pelo papel carbono, colocado por baixo do tecido e virado para
cima.
17) Reunir por meio
de um alinhavo de pontos pequenos, todas as peças dos vestidos em suas relações
exatas. Depois de tudo isso, o vestido estará armado e pronto para ser
experimentado.
Se estes conselhos
forem sempre obedecidos, o trabalho das provas ficará grandemente facilitado e
a confecção do vestido correrá rapidamente, sem dores de cabeça.
Na próxima semana (postagem!),
daremos alguns conselhos práticos sobre a prova dos vestidos, para depois então
entrarmos diretamente nos esquemas básicos de corte.
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