quarta-feira, 29 de maio de 2013

Lição 13: A prova dos vestidos, de 19 de abril de 1959

A prova dos vestidos é a pedra angular da costura. Sem uma prova correta e cuidadosa não é possível fazer-se um vestido satisfatório. A execução de um vestido, por outro lado, comporta um risco e uma despesa, que só o bom resultado do trabalho lhe pode recompensar. Nada deve ser confiado ao acaso. E a primeira condição para o resultado feliz de uma costura é uma boa prova, feita com atenção e minúcia. E a prova deve ser repetida tantas vezes quantas forem necessárias.

Quando a mulher costura para si mesma, a prova deve ser feita de preferência sobre um manequim, a respeito do qual, aliás, já tecemos vários comentários em lições anteriores. É absolutamente necessário que o manequim tenha as medidas da pessoa. Ora, esses manequins que reproduzem fielmente o corpo, ou são muito caros ou não existem a venda em nossas casas, como é o caso do manequim ideal francês, fabricado em malha metálica amoldável a qualquer corpo.

Ilustração de Gil Brandão

O manequim rígido é o mais barato, mas só raramente corresponde as medidas exatas da pessoa. Isto, no entanto, pode ser remediado pelo processo do “bourrage” do manequim clássico, processo este que acabamos de ver nas últimas lições do nosso método.

Se não houver manequim, a mulher que costura para si própria deve ter a paciência de experimentar no próprio corpo, servindo-se de uma ajudante, pelo menos para a prova. Se não houver nem ajudante nem manequim, deve-se por o vestido e, diante de um espelho de comprimento total, anote-se e marque-se todas as correções necessárias. Dispa-se o vestido e faça-se as marcações com alfinetes. Experimente-se outra vez e corrija-se os defeitos até que tudo esteja perfeito.

Na primeira prova, é mais fácil experimentar separadamente a saia e a blusa.

Como é muito freqüente nos dias de hoje, adquirir-se moldes já  cortados em livrarias, ou traçados, como é o caso do nosso suplemento, é interessante dar aqui uma série de regras que deverão ser observadas, tão logo a leitora tenha em mãos o molde desejado:

1) Escolher cuidadosamente o tecido, que deve ser adequado ao modelo e cuja metragem deve atender às necessidades do molde.

2) Controlar se o tecido está bem cortado a fio direito nas duas extremidades; para isso, basta desfia-lo um pouco e acertá-lo com uma tesoura.

3) Fazer o “décatissage”, com um pano molhado, quando se trata de lã.

4) Molhar na água, os tecidos que encolhem.

5) Passar a ferro, a fim de que a fazenda esteja pronta para ser manipulada.

6) Desdobrar o molde e estudá-lo com o máximo de atenção.

7) Escrever sobre o molde, os nomes das peças correspondentes e as letras que facilitam a montagem.

8) Acentuar com um lápis todos os sinais: flechas indicadoras do fio direito, marcações do meio da frente e do meio das costas, das pences, das bordas a dobrar, indicações da costuras aparentes, bem como escrever letras iguais nos pontos correspondentes das peças para facilitar a sua união.

9) Verificar no seu manequim se as medidas do molde coincidem com as suas para o que, basta prender as peças do molde com alfinetes no manequim.

10) Retificar as medidas se for o caso, indicando a lápis, as modificações sobre o papel.

11) Dispor sobre o tecido as peças do molde, seguindo as indicações do esquema.

12) Reproduzir os moldes no tecido por meio de alinhavos, giz ou lápis de cor.

13) Cortar, seguindo o contorno dos moldes e deixando-se 2 a 4 cm de reserva para as costuras e 6 a 8 cm para as bainhas.

14) Passar linhas de direção no exato fio direito, horizontal e vertical.

15) Alinhavar os fios de contorno dos moldes.

16) Prender com alfinetes, seguindo os fios de contorno, as duas espessuras do tecido, a fim de poder passar os fios para o outro lado, obedecendo os alfinetes. Isto se faz quando as peças são simétricas e o tecido está dobrado em dois para maior rapidez do trabalho. Quando se traça os moldes com lápis, este processo pode ser substituído pelo papel carbono, colocado por baixo do tecido e virado para cima.

17) Reunir por meio de um alinhavo de pontos pequenos, todas as peças dos vestidos em suas relações exatas. Depois de tudo isso, o vestido estará armado e pronto para ser experimentado.

Se estes conselhos forem sempre obedecidos, o trabalho das provas ficará grandemente facilitado e a confecção do vestido correrá rapidamente, sem dores de cabeça.

Na próxima semana (postagem!), daremos alguns conselhos práticos sobre a prova dos vestidos, para depois então entrarmos diretamente nos esquemas básicos de corte.

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